A Facoemulsificação Além da Técnica

Livro Facoemulsificação

Parte I
A Técnica e a Tecnologia: como operar com segurança e precisão

  1. Aprimoramento dos Parâmetros do Facoemulsificador
  2. Infusão
  3. Aspiração
  4. Vácuo, Chattering e Surge
  5. Poder de Emulsificação
  6. Ações do Facoemulsificador versus Necessidade da Cirurgia
  7. Risco de Queimadura da Incisão
  8. Efeitos da Pressão Alta na Cavidade Vítrea
  9. A Fratura do Núcleo: a Etapa mais Importante da Facoemulsificação
  10. Técnicas de Fratura: Dividir e Conquistar; Stop and Chop; PhacoChop Horizontal/Vertical e Flip and Chip
  11. Como Fazer Sulco
  12. Como Fazer Chop
  13. Parâmetros do Facoemulsificador na Etapa da Fratura
  14. Ruptura da Cápsula Posterior
  15. Capsulorrexe
  16. Hidrodissecção
  17. Hidrodelineação
  18. Otimização das Substâncias Viscoelásticas
  19. Complicações Cirúrgicas durante o Aprendizado
  20. Como se Organizar para Aprender
  21. Estratégia para o Aprendizado Continuado

Parte II
O Ensino Além da Técnica

  1. Não Basta ser Bom Cirurgião para Ensinar a Operar
  2. Não Basta Ser Bom Residente para Aprender a Operar
  3. O Ensino da Cirurgia de Catarata no Brasil
  4. O Modelo de Ensino que Considero Ideal

Parte III
A Cirurgia Além da Técnica

  1. Óptica Cirúrgica: O Funcionamento do Sistema Visual e as Lentes Intraoculares Premium
  2. Avanços Tecnológicos e Limites da Fisiologia Humana
  3. Conflito de Interesses: a Ciência da Conveniência
  4. Terapia Medicamentosa
  5. O Paciente Cirúrgico Anticoagulado
  6. Deficiência Visual pode Causar Depressão
  7. Sucesso na Cirurgia e Satisfação com a Correção Óptica
  8. A Influência da Ética, da Moral e do Bom Senso na Indicação Cirúrgica

Parte IV
Cirurgia de Catarata: Uma Necessidade Social

  1. Porque Faltam Cirurgias para Ensinar Residentes?
  2. Viabilização do Centro Cirúrgico para Facoemulsificação
  3. A Tecnologia Apropriada para o Sistema Público de Saúde

 

Prefácio

O mundo “digital” oferece um excesso de informação, passando a errônea impressão de que sabemos muito. Contudo, a sabedoria é formada por conhecimento e não apenas por informação. A informação só se transforma em conhecimento quando é complementada por reflexão e prática.

No aprendizado da facoemulsificação acontece o mesmo, pois não faltam sugestões e exemplos “soltos” do que se deve fazer para obter melhor resultado cirúrgico. Mas aquelas considerações podem não ser suficientes para nortear efetivamente o aprendizado.

Para selecionar a informação pertinente e transformá-la em conhecimento efetivo, passível de ser incorporado à técnica cirúrgica, é necessário entender a cirurgia como um todo, que envolve o papel da tecnologia, o fundamento das manobras, o porquê das técnicas, a interpretação das reações do olho etc.

Neste livro, procuramos disponibilizar informações valiosas e ajudar a transformar, algumas delas, em conhecimento prático. Acreditamos que, ao direcionar a maneira como organizar as informações e como entender o contexto da cirurgia, o conhecimento possa ser construído. Este seria o primeiro passo para iniciar o aprendizado da facoemulsificação.

Contudo, a capacitação não termina no aprendizado, mesmo porque o aprendizado nunca acaba. O aprimoramento precisa ser contínuo, pois o mundo está em constante transformação, obrigando as pessoas a se atualizarem sistematicamente para acompanhar tais mudanças. Assim, não se tornariam obsoletas em seus conhecimentos e atitudes, o que lhes poderia custar suas próprias realizações. Um fator que vêm intensificando este cenário é a globalização da comunicação interpessoal, mediada pela internet.

Estima-se que a cada cinco anos, cerca de 50% do conhecimento médico, especialmente na área diagnóstica e terapêutica, seja renovado. A novidade é que agora, mais do que nunca na história da Medicina, o público leigo está consciente dos resultados e expectativas dos tratamentos em geral. Assim, o treinamento de novos cirurgiões e o aprimoramento daqueles já em prática, mantendo-se o elevado padrão de satisfação dos pacientes, é um grande desafio para o preparo de profissionais de sucesso.

Podemos inferir que, em vista da evolução exponencial da prática médica, o cirurgião que, após cinco anos, estiver realizando um determinado procedimento da mesma maneira, provavelmente terá uma diminuição de cerca de 50% de sua eficiência em relação ao profissional que se mantiver em constante aperfeiçoamento. Como a expectativa dos pacientes é cada vez maior, haverá um momento em que este cirurgião estará visivelmente defasado. Na Medicina, diferente do que no futebol, o correto é “mexer no time que está ganhando”, para que este continue a ganhar e não seja ultrapassado pela falta de acompanhamento do progresso.

Neste sentido, é preciso ter a percepção de como é importante sair da “zona de conforto”, para continuar a se aprimorar. Não basta aprender a operar e se tornar um bom cirurgião, é preciso continuar evoluindo sempre, para continuar mantendo a qualidade.

Em nossa experiência ensinando a arte da cirurgia, percebemos que o aperfeiçoamento na técnica da facoemulsificação envolve o conhecimento das forças mecânicas associadas às manobras cirúrgicas e o domínio do facoemulsificador, com seus parâmetros físicos e fluídicos. A correta programação e controle das funções do aparelho são fundamentais para a realização de uma cirurgia mais precisa e segura. A escolha criteriosa da técnica de fratura do núcleo, assim como a compreensão das manobras envolvidas em sua realização, é essencial para uma estratégia cirúrgica eficaz e reprodutível. Informações relativas aos movimentos e vetores envolvidos na capsulorrexe são de grande importância para o controle da excursão do flap capsular, assim como a utilização da substância viscoelástica adequada para cada etapa da cirurgia. A compreensão destes conceitos é importante para melhorar a performance durante o aprendizado e, posteriormente, aperfeiçoar a técnica cirúrgica, agregando precisão e segurança ao procedimento.

As etapas mais difíceis para o cirurgião iniciante (incisão e capsulorrexe), assim como as etapas mais difíceis para o cirurgião em fase mais avançada de treinamento (Fratura do núcleo e “Conquista” dos fragmentos) podem ser melhor aperfeiçoadas com o adequado conhecimento teórico dos princípios envolvidos nessas manobras, o que aprimoraria e tornaria mais seguro o treinamento.

Nesse cenário, considerando o processo de transmissão do saber, acreditamos que um Livro, assim como um Curso, conduzido pela mesma pessoa, impede a fragmentação da informação e se compromete com o todo, mantendo o foco no resultado final da construção do conhecimento.

Boa leitura.

Obs. O Capítulo 26: “Óptica Cirúrgica: O Funcionamento do Sistema Visual e as Lentes Intraoculares Premium” está imperdível!